quarta-feira, 10 de abril de 2019

Delhi - Dicas de viagem (Mochileiro Raiz)

SUFOCADO EM PAHARGANJ

"Neste relato o viajante fala de suas primeiras impressões sobre a Índia ao chegar em Delhi e visitar suas atrações turísticas  como Qutub Minar, Jama Majid e o Templo de Humaiun"

O MOCHILEIRO NA INDIA - DELHI 



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Sabe "sentir-se" sufocado é a minha  primeira impressão sobre a Índia, do desespero, quase loucura, de estar aqui. Com o passar do dia tudo fica mais calmo e divertido. 

Jama Majid é impressionante! Caminhar descalço pelo templo sagrado muçulmano vendo os pombos sobrevoando o minarete foi incrível, mas para chegar lá, foi emocionante, diria que fiquei em transe dentro do Tuc-Tuc, barulho de buzinas, pedintes me cutucando nos faróis, muita, mas muita gente caminhando pelo Paharganj, vários aromas testando meu olfato: urina, curry, poluição, incenso... O motorista falando o inglês arrastado, com pé cruzado e três imagens sagradas coladas no painel do tuc-tuc: Hanumam, Shiva e Ganesh, mas antes de tudo isso, uma incrível negociação de 200 rúpias para 80 rúpias para fazer o trajeto.

Na rua somos estrelas de tupiniquimwood... Não temos paz pelas ruas: “Quer ir ao shopping, Sir?”, “Kamasutra book, Sir...” Falei não umas cem vezes... As mulheres indianas desenhavam nas entradas das casas, no Complexo de Qutub Minar também é de pasmar: o minarete, o iron pilar, as colunas, o fort...

O contraste de Paharganj, a paz e as várias ruínas da Cidade Antiga dos idos de 1300 são de animar nessa trip... Bem como o tempo é curto, mais oportunamente falo da compreensão da americanização em Delhi e as revoltas dos extremistas, como também dos gostos e aromas daqui, como também da influência britânica na região "Parlamentar"... Ufa, estou me sentindo um Tuc-Tuc buzinando: Tem corvo cantando, limpador de ouvido, ônibus, crianças sujas, templos, motorista que Tuc-Tuc que não sabe o caminho, lassi, neblina, caixão em frente das casas, e muita gente chamada Raj! Inté...

SUFOCADO (crônica) 

Sabe, a Índia por ser o que é (exótica, exuberante, esdrúxula, única!), sempre traz preocupação e ansiedade ao turista, que nela quer chegar... Ir para Índia é diferente, principalmente pelos mitos que a cercam. Então de antemão digo: “Entrar na Índia é a parte mais difícil da viagem!” e não importa por onde: Delhi ou Mumbai (que são as duas principais portas de entrada dos brasileiros) a chegada é osso, e, ainda vou mais além, chegando a Delhi vá direto para o Paharganj (bairro na Old Delhi), você inicia sua trip no Inferno e tenta chegar ao Paraíso (Divina Comédia, rsrs) Se sobreviver ao Paharganj, o restante vai ser moleza...

O caos fica lá, e junto ao maravilhoso Red Fort, está a inesquecível mesquita de Jama Majid e a mais louca estação de Trem: Old Delhi! As Pousadas mais baratas ficam por lá, o fedo, o barulho do transito e muita, mais muita gente mesmo, também estão lá...
Para mim, forasteiro tupiniquim, que vive em grandes metrópoles e está acostumado com a mídia apregoando a violência urbana, quando chego a Paharganj entramos em colapso, achando que a qualquer momento você será furtado, e não é para menos, você vê muitos maltrapilhos te encarando, mendigos de verdade pedindo esmola a todo instante, você é exprimido no meio da multidão, entre carros, vacas, elefantes e Tuc-Tuc num transito desordenado... Em que na rua principal que dá acesso ao Jama Majid há uma mistura de banheiro e lanchonete a céu aberto, cuidado aonde vai colocar o pé hein! E a boca também rsrs...

Então imaginem os aromas e cheiros que nos permeiam: dá vontade de vomitar, tapar o ouvido, gritar, chorar, simplesmente tentar respirar... O primeiro impacto é terrível, mas acredite, a índia não é só isso e você acaba se acostumando ao caos, e descobrindo que o país não é violento, muito menos há roubos, ou qualquer tipo de abuso a integridade física do turista...

Delhi também é o melhor lugar, para começar a entender os valores reais das coisas, utilizando a moeda indiana (rúpias) e naturalmente indiano adora triplicar os valores dos serviços ou produtos oferecidos, que mesmo para nós brasileiros, o valor triplicado ainda é barato, ai fica a opção: levar chapéu ou tentar negociar o melhor preço (o valor real é quase impossível saber), no começo é divertido, mas depois se torna cansativo negociar toda hora...
O primeiro preju foi para pegar o táxi do Aeroporto até o “Parlamento”. E como disse antes, chegar é a pior parte! Na maioria das vezes os vôos internacionais só chegam à noite... O táxi é clandestino, você tenta negociar o valor, mas é tudo novo, não se tem a noção dos valores, pra piorar, à noite a neblina encobre a cidade, não se vê nada, na cabeça, a mentalidade da violenta São Paulo, o motorista com seu sotaque inglês, que se torna incompreensível por não estarmos acostumados (e amedrontados, rsrs), e o albergue não chega, a tensão aumenta, você começa a imaginar que tudo está acabado, que se for roubado... Oh desespero!

E vale a pena lembrar, que dês da saída de São Paulo, você viaja cerca de 24 horas de avião... Ansioso, preocupado e depois de tudo isso, se vê numa roubada, em um táxi clandestino, em terras estranhas, que a princípio parece ser terra de ninguém, mas como sempre, estava enganado...

Finalmente as duas da madruga, chegamos tanto fisicamente como mentalmente esgotados no Albergue, o único prejuízo, como sempre, foi a tarifa do táxi: 650 rúpias, como não tinha trocado... Os indianos sempre dizem que não tem troco, ficou por 700... Vivendo e aprendendo (O táxi custa no máximo 400)... Mais um adendo: cambiar moeda no aeroporto é sempre preju, só a taxa cobrada já é uma facada... Vivendo e aprendendo II...

Depois do primeiro susto traumático, fica difícil de dormir e às três da manhã dá aquela ansiedade de sair pelas ruas da cidade e junto vem a preocupação: o que virá pela frente...Veio o Paharganj!!

Em Delhi, tudo é muito longe, não adianta andar a pé e se o fizer vão te infernizar a vida, vão te seguir a cidade toda, dizendo: “Venha no meu tuc-tuc, faço o melhor preço da cidade!” e como diria Virgílio, rsrs: “Na cidade de Delhi há muito que se ver!” No mínimo três dias, dá pra se fazer uma rápida visita pelo inferno. E por incrível que pareça, há outros bairros completamente diferentes do Paharganj.

Ao visitar a tumba de Humayum ou o complexo de Qutub Minar encontrará a paz, o paraíso escondido, rsrs, na verdade, esses lugares turísticos são de difícil acesso aos indianos comuns, é a partir daí que você começa a descobrir onde pode relaxar finalmente no meio do caos...
Marcelo Nogal