domingo, 27 de fevereiro de 2011

Phnom Penh - Relato Mochileiro

PHNOM PENH

"Nessa Crônica o Forasteiro fala de sua experiencia visitando um antigo campo de extermínio no Camboja!"

AS CICATRIZES DE PHNOM PENH

Ao entrar no Camboja é notório observar o contraste com qualquer outro país do sudeste asiático que com ele faz fronteira, e, logo vem o questionamento: Por que o Camboja é um país tão miserável? Parado no tempo? Chego à capital, Phnom Penh e vou atrás das respostas, como tantas outras cidades do mundo, o núcleo turístico é bem distinto do restante da cidade, é aqui que fica a região governamental, o museu Royal Palace, o Mercado Central, E os hotéis e restaurantes. Para se locomover pela cidade temos o tuc-tuc como melhor opção, como o dinheiro local não vale quase nada, o dólar se torna uma moeda presente, tudo praticamente custa um dólar por aqui...
Vou conhecer o Museu de genocídio Tuol Sleng, que fica um pouco distante da região central, cerca de meia hora de caminhada ou quatro dólares na mão do motorista do tuc-tuc... Daqui por diante começo a sentir na pele a tragédia cambojana, na medida em que vou me aproximando do museu, percebo que o local é uma escola e seus muros estão repletos de arame farpado.
Na década de setenta, Pol Pot assumiu o governo cambojano, e como estratégia de governo ditatorial adotou uma política fascista de escravidão de toda a nação e nesse local que visito, uma antiga escola, ele transformou numa prisão e centro de tortura, intitulado como s21, algo semelhante acontecia no Brasil com a Ditadura Militar em épocas de maior repressão com o AI-5.
Ao entrar no museu, rapidamente sentia o clima carregado e tenso, placas nos corredores pediam para que os visitantes não sorrissem ou tirassem fotos sorrindo, ia visitando sala, por sala, onde centenas de pessoas foram torturadas, e lá estavam às camas de ferro, amordaças, galões usados para incendiar as vítimas.
Os torturadores daquela época gostavam de tirar fotos dos presos, das vítimas após serem torturados, e agora ficavam dispostas no museu, diria que ver aquelas fotos, é como um soco no estomago, ficava sem ar, incrédulo com a crueldade humana, nas salas de tortura foram colocadas janelas para abafar os gritos das vítimas, agora o silêncio aplacado nos turistas vinha das cenas estonteantes em cada sala, foram colados arames farpados nos andares superiores, pois o sofrimento e horror eram tantos nesse local, que os presos tentanvam constantemente o suicídio, muitos da parte superior se jogaram...
Em outra parte do S21 ficava a prisão, as paredes das diversas salas de aula foram quebradas de forma grotesca, formando um enorme corredor, e, com tijolos pequenos, cubículos foram construídos em cada sala, nas celas cabiam apenas uma pessoa, no fundo do corredor a lousa verde, onde eram anotada as regras locais, as normas, as torturas e todas as atrocidades ocorridas no local...
Em apenas dois anos de governo milhares de pessoas foram assassinadas, dizimando quase por completo essa nação... Agora entendia perfeitamente porque o Camboja estava nessa situação de miséria... Sai do museu atordoado com o que vi... Ainda ia visitar o ‘Killing Fields’... O local em que os presos torturados no S21 eram levados para serem exterminados... Este local fica bem distante da cidade, e o motorista de tuc-tuc cobra em torno de dez a doze dólares pela ida e volta... Lá está um memorial com centenas de crânios de vítimas que foram decapitadas, um local chamado de Árvore Mágica servia para exterminar crianças...
E... Acho que agora é o momento de orar por essas pobres almas no memorial e partir de Phnom Penh...

Nenhum comentário:

Postar um comentário